quarta-feira, 28 de abril de 2010

A escalada do Morro do Sertão


Após uma breve hibernação, finalmente, retomo as atividades da corrida. Desde meados de março, venho tratando uma lesão na panturrilha, após uma queda durante o treino.
Neste ano, planejei alterar um pouco “os ares” e resolvi experimentar novas aventuras. Já participei da minha primeira corrida de aventura, em Morretes, no mês passado. Fui vice-campeão da prova e quase morri em meio a tanta lama e subidas, além, é claro, de me encantar nas belas trilhas e tomar um delicioso banho de cachoeira.
Parabéns ao Willian, amigo e grande campeão da prova!
No dia 24 de abril, participei do Revezamento Volta à Ilha, em Florianópolis, e escolhi, para a minha corrida, o famoso Morro do Sertão, tão temido e admirado.
A equipe que integrei participou da prova na categoria aberta mista. Foi composta por 5 homens e 3 mulheres, atletas escolhidos a dedo pelo coordenador da equipe, Emerson Comiran. Todos, além de ótimos corredores, formamos um time de companheiros.
Falando brevemente sobre a prova, saímos na liderança da nossa categoria desde o primeiro trecho e fomos abrindo vantagem ao longo da competição, enfrentando garoa, areia fofa, subidas íngremes e muitas gargalhadas.
Corri um trecho de 5 km logo no início da prova e, bem mais tarde, veio o Morro do Sertão, classificado pela organização da prova como OMD – “o mais difícil”. Preferi rebatizá-lo de “o mais divertido”, hehehe. Achei melhor pensar assim...


Havia pedido opiniões e dicas, lido textos sobre o morro na internet, visto fotos e vídeos para tentar me preparar. Enfim, chegou a minha hora! Na área de transição do posto 19, peguei o bracelete das mãos da Érli, que desbravou vários quilômetros de areia fofa, dali corri uns 300 metros pela areia e virei à direita, numa trilha estreita, que seguia por um asfalto praticamente plano. Tinha ouvido falar que o morro começava após o km 3 e já sentia um friozinho na barriga, uma vontade imensa de subir logo, de uma vez por todas.


Enfim, teve início um pequeno aclive, que aumentava suavemente em curva, com 50% da área em barro mole, que criava uma segunda sola de argila no tênis, e os outros 50% como um escorregador natural, uma superfície barrosa, lisíssima, ótima para prática de esqui. Lá fui eu, conhecendo aquilo tudo, subindo, virando, subindo, virando, o coração já na boca, os passos cada vez mais curtos, o batimento aumentando, umas deslizadas, derrapadas, então, a primeira descida, que alívio; brevemente, pensei, acabou o morro! Ledo engano, era só olhar em volta e à frente para ver que estava longe do fim. O declive era forte e o piso continuava daquele jeitão, 50/50, era só escolher: escorregar ou grudar no chão! Depois da descida, outra subida íngreme após a curva, quase interminável, depois, outro declive. Novamente, pensei, agora é o fim; que nada, ainda outro tope me aguardava. A paisagem era do jeito que gosto, mata fechada dos lados, muito ar fresco e um desejo determinado de não me permitir andar. Por vários momentos, me flagrei correndo a 7min30s/km, com batimento próximo de 185 bpm, sem andar, hehehe. Depois de um sobe e desce, resolvi desistir de tentar adivinhar o fim do morro. Os quadríceps e as panturrilhas foram duramente castigados e já davam sinais de fadiga, quando, finalmente, me deparei com uma das mais belas paisagens que já testemunhei. Lá do cume do Morro do Sertão, se vê praticamente toda a Ilha de Florianópolis. A linda praia e o mar azul se misturaram, então, ao sentimento de missão cumprida. Ufa, subi o temido Morro do Sertão!
Epa, quem roubou o chão?! Isso mesmo, erroneamente, achei que subir seria o problema, porém, a descida é tão ou mais dura que a subida. O terreno seguia liso e pesado e, agora, com outros ingredientes, a fadiga que me tomava e o declive muito acentuado deixavam aquilo parecido com o fim de uma montanha russa. Tive quase que me agarrar às cercas laterais para não empacotar no chão. Usei as pernas como freios e, assim, segui até o final da longa descida; no asfalto, corri ainda 4 quilômetros para concluir o meu trecho.


Foi uma experiência memorável, finalizei os 15 quilômetros em 1h00min25s. Estava em êxtase, satisfeito com o meu desempenho, por ter vencido mais esta etapa e por ter resistido, sem andar e sem sentir a dor da lesão na panturrilha. Que alegria!
Por fim, a nossa equipe foi a campeã da categoria com larga diferença. Ainda batemos o recorde da prova na categoria e ficamos com o 3º lugar geral. Valeu muito a pena!
A endorfina, a alegria, o companheirismo, as novas amizades, a superação.
Próxima parada: K42, em Bombinhas (SC), no dia 22 de maio de 2010.
Beijos, minha linda.

Fotos de Emerson Zanoni

2 comentários:

  1. è meus amigos, este ano foi fácil na hora do morro foi um dos poucos momentos que a chuva deu uma tregua, somente uma breve garoa.

    Parabéns pelo resultado, abraços!!!

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  2. Meu amigo... Pelas fotos e pela altimetria esse seu passeio/treino deve ser melhor se feito de moto (trail)... Cara.. Tú é bão.... Fiquei impressionado com as fotos e com o relato... Mantenha postando (já to seguindo)... Abracao...

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