domingo, 16 de outubro de 2011

Sobre subidas e ladeiras

Há algum tempo, fui apresentada a um dos percursos preferidos do MP.
Ele o chama de “25 km do CSU”, pois o trajeto tem início em um Centro Social Urbano de Araucária e segue por estradas de chão do município. São longas subidas e curtas ladeiras, contornadas por uma paisagem verdíssima. O ambiente é delicioso e, se as pernas estão fortes, o treino se torna fantástico. A natureza só impulsiona na conquista do percurso.
Haja disposição para correr 25 km em um trajeto assim. Mas depois de enfrentá-lo, qualquer subida vira um morrote.
Pernas pra que te quero!!













segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Chapa quente


"... não aguento mais. Minhas pernas estão moles, minha boca está seca desde o segundo quilômetro e o ritmo está muito lento. Não entendo o que está acontecendo. Não vou correr mais prova nenhuma. Os ‘setenta’ da inscrição eu joguei no lixo. Que ilusão...".
Depois de uma longa semana, recheada de muito trabalho e com exaustivos treinos de qualidade, chegou ao sábado, dia do tão esperado longão, o treino mais importante para quem almeja findar uma maratona.
Ela vem de um recomeço. Após nove anos de uma bela história, escrita entre as dezenas de pódios, nas corridas de média e longa distância, parou! Deu-se um tempo e, agora, reconquistou o prazer de desfilar seu talento e graça pelas ruas de Curitiba e do país, para a nossa alegria.
O retorno foi registrado em grande estilo, com uma bela maratona na cidade maravilhosa, em meados deste ano. Apesar do breve período de preparação, fez um ótimo tempo.
Então, surgiu a ideia de realizar uma nova maratona, agora em casa.
A previsão meteorológica para o sábado era otimista, alertava sobre tempo firme.
A saída foi um pouco tardia, por volta das 10h, já com sol a pino e calor beirando os 30º C.
Lá foi ela, destemida e animada, para os seus 28 quilômetros, fazendo planos e sorrindo, até o segundo quilômetro, quando o "carburador" começou, literalmente, a ferver — e ainda havia muito chão pela frente.
O sol era obstáculo implacável, derretia o entusiasmo e queimava as energias.
A cada quilômetro, a situação piorava e a animação dava lugar à revolta e ao desânimo. Não havia água que saciasse. Quando ganhou uma caixinha de água de coco, geladinha, não largou mais, até tomar a última gota (fiquei só na vontade...).
Era visível na sua expressão, a cada passada, a batalha sendo travada entre a mente e o corpo, que, com a exaustão física, implorava por uma parada — ou pela desistência. Porém, esta guerreira do asfalto é de espírito nobre, não se permite tal hipótese e seguiu firme, então, já com vinte e tantos quilômetros. O termômetro marcava 36º C rumo ao ponto que determinou desde os primeiros passos: o final do treino.
Em algum momento, na vida e na corrida, somos seduzidos a desistir, mas temos que estar preparados para fazer a diferença.

Parabéns, meu amor. Tenho muito orgulho de você.
Que venham os próximos quilômetros.
Beijos, minha linda.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Simplesmente corredor


Ele se mostrava um tanto chateado. Este não foi um ano produtivo como os últimos.
"Estou lento", me diz, "como posso correr num ritmo de 3min40s por km?".
Penso eu, "para mim, isso é um sonho amalucado. Quem dera!".
Mas entendo, quem tem 31 minutos e pouquinho como melhor tempo de 10 km e já fez maratonas com pace de 3min26s não pode, sem resistir, aceitar tal ritmo.
Mais uma vez, ele mostra o grande corredor que é. Compreende e acata os sinais do seu corpo. Considera que é hora de fazer uma breve pausa na corrida.
Aparece, então, com uma ideia nova: "vou fazer spinning". Por duas semanas, levanta cedo e segue em busca da endorfina no "pedal".
Mas o spinning restringe demais o horizonte de quem está habituado a rodar a sua cidade em treinos e já queimou o asfalto de muitas outras cidades em corridas memoráveis.
Surge, pois, inesperadamente, a motivação que ele precisava para voltar a correr com a mesma garra de sempre: a seletiva para a Nike SP-Rio 2011.
Lá vai ele para o primeiro desafio, a maior quilometragem em quatro dias.
Começa com doses "suaves" de corrida, 24 km pela manhã, 27 km à tarde no primeiro dia. O quarto e último dia — ou melhor, última noite, para a angústia da amada preocupada — fecha com 75 km rodados! Resultado: 204 km em quatro dias.
No segundo desafio, três luas depois, 25 km em 1h31min30s. No mais leve de todos, o terceiro desafio, 20,5 km em 1h13min24s.
E, para finalizar esta primeira etapa, a seletiva presencial: 28 km divididos em duas baterias, com um intervalo de 30 minutos, no ritmo de 3min39s por km.
Não há outro caminho: primeiro colocado na seletiva nacional para a Nike SP-RJ 2011, integrando a Equipe Ultras.
Assim corre o meu MP.


Dedicação, animação, fé, treinos, treinos e mais treinos árduos para colher os muitos frutos destes quase vinte anos de corrida.
É apenas o início de mais uma conquista. Suas pernas ligeiras ainda trarão muitas outras alegrias para ele — e também para todos os seus fãs.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Queijo, geleia, carinho e muito suor


Parei! Não tive escolha, afinal era um caminhão. Estava embalado, faltavam apenas 240 metros para o final do treino, quando, de súbito, um caminhão cruzou a minha frente. Até sinalizei para que me desse a preferência, porém, em vão. O motorista preferiu aproveitar a trégua do fluxo de veículos e avançar a dar a vez para um maluco, ensopado, que corria desenfreadamente em direção à esquina. Tive que frear, pois uma colisão iria doer bem mais em mim do que nele. Apesar do susto, consegui retomar a passada e manter um bom ritmo no final do último tiro.
Foram três voltas de 5 km, feitas na hora do almoço em um percurso próximo da empresa, um asfaltinho plano, bom de correr, onde treino eventualmente em dias de rodagem em dois períodos.
O ritmo foi forte, média de 3’28’’/km. Os três minutinhos do intervalo mal davam para recuperar o fôlego e retomar a correria.
Então, era hora de voltar à empresa, afinal, tinha uma mesa cheia de trabalhos urgentes aguardando solução. Entre uma teclada e outra, belisquei um delicioso sanduíche que a minha linda preparou, com muito carinho, um pouco de queijo, peito de peru e geleia.
Que marrrraaaviiilha! Obrigado, meu amor.
No final da tarde, a planilha ordenava outros 14 km em ritmo médio. Já no início do treino, as pernas cansadas lembravam nitidamente da peleja de poucas horas antes, mas fazer o quê? Um dia já ouvi “o treino é para ser feito e não para ser pensado”. Então, em momentos de menor entusiasmo, uso isso como mola propulsora e, quando me dou conta e começo a pensar, já estou na metade do treino, hehehe.
O ritmo novamente foi bom e ficou próximo de 3’34’’/km.
Graças a Deus, mais uma etapa importante foi vencida. E falta, agora, pouco mais de um mês para a Supermaratona.
Beijos, minha linda.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

A pista em brasa


Depois de 32 km, cumpridos em 80 voltas na pista da Unicenp, as pernas trançavam e os sintomas eram de atropelamento e mergulho em óleo fervente, o coração queria saltar pela boca e os pensamentos eram de desespero.
Havia um alento: tinha ainda 2 minutos de intervalo antes do derradeiro tiro, duas voltas e meia, mil metros.
O Tchê, meu dedicado técnico, estava ao meu lado, atento a tudo, entregando água e isotônico, me motivando e tirando fotos.
Foi um treino diferente, com volume e intensidade, sob uma situação climática parecida com a que se prevê para a Supermaratona de Rio Grande, da qual participarei em 27 de fevereiro. O treino de sexta, 14/01, 33 km, foi programado para começar ao meio-dia.


Fiz a longa distância com inserção de cinco intervalos decrescentes e tentativa de, ao menos, manutenção e redução de ritmo a cada carreira.
As semanas têm sido de treino intenso, com média de rodagem de 120 km. Ainda na quarta-feira, corri 27 km, divididos em dois períodos.
Tenho recebido o amor imprescindível da minha linda, a quem sou muito grato. Ela cuida da minha hidratação e da minha alimentação, com direito até a mimos pós-treino como sorvete de creme, morango e cereja oferecidos na boquinha. Assim fica fácil correr!


O treino seguiu. Tomei outro gole de água gelada, revigorante, e estava pronto para dar a partida do último tiro. Porém, desta vez, não estaria só, o Tchê me puxaria neste tiro final. A borracha da pista parecia amolecer ante o sol escaldante, a temperatura beirava os 35º C e o corpo insistia em avisar que "não tinha pernas".
Alheio a tudo, parti, os primeiros 200 metros foram moderados. O Tchê abriu vantagem, pedi que me puxasse à frente, outros 400 metros concluídos. O ritmo melhorou um pouco, mas não consegui me aproximar do técnico, que derretia em suor 30 metros à minha frente. Na última volta, nos 200 metros seguintes, o ritmo evoluiu e consegui me aproximar dele; outros 100 metros e, na reta final, o Tchê e eu estávamos emparelhados.
Era uma disputa acirrada, não havia competição real, somente o desejo mútuo de motivar e fazer daquele o melhor tiro do dia. O corpo já não tinha reservas de energia, a tonteira e o aquecimento estavam em níveis perigosos. Havia dor em todos os nervos e músculos das pernas e dos braços, parecia que iria desmaiar. Contudo, decidi ignorar os sinais e acelerar.


Em 3'14" foram concluídos os últimos mil metros deste memorável treino de 82,5 voltas na escaldante pista da Unicenp.
O desafio de Rio Grande está cada dia mais próximo. Estou me preparando. Graças a Deus, mais um treino foi concluído.
Vale muito a pena não desistir e suportar o desespero do cansaço em alguns momentos para, então, curtir, a deliciosa sensação do dever cumprido.
Beijos, minha linda.