quarta-feira, 6 de junho de 2012

Um sonho realizado!

Três horas, vinte e três minutos e quarenta e cinco segundos após o primeiro passo, ela encontrou a vitória, a realização, a quebra do recorde pessoal. Contudo, é inverídico descrever esse deslocamento inicial como primeiro passo, pois, há três meses, no final de fevereiro, nasceu o sonho, a ambição de baixar ainda mais o ótimo tempo obtido na memorável Maratona de Curitiba 2007.
Os primeiros treinos foram difíceis, os tempos previstos não saíam e eu até a pressionei para desistir da ideia, propondo postergar a disputa para outra data, outra competição. Porém, Viviane Baggio, determinada como só ela, bateu o pé e definiu que Porto Alegre 2012 marcaria sua volta ao pódio das maratonas. Mais algumas semanas se seguiram e os tempos melhoraram bastante. A planilha de treinos foi incrementada com algumas das minhas experiências treinadas exaustivamente, como longas sessões de tiros de 400 m e de 1000 m, e foram valorizadas as extensivas rodagens e a musculação. Ela seguia as orientações com galhardia e, a cada treino concluído, vibrava, como que vislumbrando a linha de chegada e a boa nova que o cronômetro descreveria. Visitou muitas e muitas vezes o Parque Barigüi, percorrendo-o incansavelmente.
A uma semana da prova, a ansiedade tomou conta e o friozinho na barriga – peculiar aos maratonistas na véspera do grande dia – já era congelante no seu ventre, trazendo dúvidas sobre sua performance e até o desejo de desistir de tudo, deixar para lá, tentar em outra oportunidade... Ou seja, se mostrou uma manhosa sem tamanho.
Já em Porto Alegre, no sábado, ela e eu fizemos um treininho à beira do famoso Guaíba, para tirar a ferrugem e espantar a tensão. Selamos a noite com um delicioso jantar na companhia dos amigos da Trainer, que também foram de Curitiba apreciar a prova porto-alegrense.
No domingo, na hora marcada para despertar, às quatro da matina, ela abriu a janela, sentiu o ar da madrugada, respirou fundo e profetizou: “hoje será o meu dia!” Daí para frente, tudo correu tranquilo, o aquecimento aconteceu ainda em meio ao breu e, exatamente às sete horas, começou a prova.
Nosso acordo era para a mocinha manter um ritmo mais moderado, cinco minutos por quilômetro até os três mil metros iniciais. Porém, ela já tinha determinado na sua estratégia particular sair um pouco mais forte, sem, claro, descuidar da cautela.
Assim, passou nos dez quilômetros com quarenta e oito minutos e dezoito segundos, a primeira meia maratona fechou em uma hora, quarenta e um minutos e trinta e um segundos e finalizou a segunda meia maratona em uma hora, quarenta e dois minutos e quinze segundos. Um reloginho! Mantendo um ritmo linear durante os quarenta e dois mil metros.
Já perto da linha de chegada, levantou os olhos e viu o relógio mostrando três horas e vinte três minutos. O sonho estava próximo! Os espectadores vibravam com aquela garota motorizada, rasgando o vento, que brindou todos com seu lindo sorriso ao cruzar a linha, numa felicidade sem tamanho, com lágrimas nos olhos e com sentimento imenso de realização, de recompensa, de felicidade!
Esta é uma bela página da vida corrida da minha linda, que sorriu com extremo prazer, que chorou de alegria, que viveu intensamente todos aqueles metros suados, desde o primeiro passo.
Parabéns, minha paixão! Sou seu fã número um.