segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

A pista em brasa


Depois de 32 km, cumpridos em 80 voltas na pista da Unicenp, as pernas trançavam e os sintomas eram de atropelamento e mergulho em óleo fervente, o coração queria saltar pela boca e os pensamentos eram de desespero.
Havia um alento: tinha ainda 2 minutos de intervalo antes do derradeiro tiro, duas voltas e meia, mil metros.
O Tchê, meu dedicado técnico, estava ao meu lado, atento a tudo, entregando água e isotônico, me motivando e tirando fotos.
Foi um treino diferente, com volume e intensidade, sob uma situação climática parecida com a que se prevê para a Supermaratona de Rio Grande, da qual participarei em 27 de fevereiro. O treino de sexta, 14/01, 33 km, foi programado para começar ao meio-dia.


Fiz a longa distância com inserção de cinco intervalos decrescentes e tentativa de, ao menos, manutenção e redução de ritmo a cada carreira.
As semanas têm sido de treino intenso, com média de rodagem de 120 km. Ainda na quarta-feira, corri 27 km, divididos em dois períodos.
Tenho recebido o amor imprescindível da minha linda, a quem sou muito grato. Ela cuida da minha hidratação e da minha alimentação, com direito até a mimos pós-treino como sorvete de creme, morango e cereja oferecidos na boquinha. Assim fica fácil correr!


O treino seguiu. Tomei outro gole de água gelada, revigorante, e estava pronto para dar a partida do último tiro. Porém, desta vez, não estaria só, o Tchê me puxaria neste tiro final. A borracha da pista parecia amolecer ante o sol escaldante, a temperatura beirava os 35º C e o corpo insistia em avisar que "não tinha pernas".
Alheio a tudo, parti, os primeiros 200 metros foram moderados. O Tchê abriu vantagem, pedi que me puxasse à frente, outros 400 metros concluídos. O ritmo melhorou um pouco, mas não consegui me aproximar do técnico, que derretia em suor 30 metros à minha frente. Na última volta, nos 200 metros seguintes, o ritmo evoluiu e consegui me aproximar dele; outros 100 metros e, na reta final, o Tchê e eu estávamos emparelhados.
Era uma disputa acirrada, não havia competição real, somente o desejo mútuo de motivar e fazer daquele o melhor tiro do dia. O corpo já não tinha reservas de energia, a tonteira e o aquecimento estavam em níveis perigosos. Havia dor em todos os nervos e músculos das pernas e dos braços, parecia que iria desmaiar. Contudo, decidi ignorar os sinais e acelerar.


Em 3'14" foram concluídos os últimos mil metros deste memorável treino de 82,5 voltas na escaldante pista da Unicenp.
O desafio de Rio Grande está cada dia mais próximo. Estou me preparando. Graças a Deus, mais um treino foi concluído.
Vale muito a pena não desistir e suportar o desespero do cansaço em alguns momentos para, então, curtir, a deliciosa sensação do dever cumprido.
Beijos, minha linda.

2 comentários:

  1. MP


    Você é uma pessoa que faz, por isso alcança seus resultados.
    Todos querem tomar o suco da laranja, porém poucos sabem ou trabalham para fazer o suco.
    Parabéns pela dedicação!
    Att,
    Igor

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  2. Adoro passar por aqui, e ver toda a sua dedicação, sua determinação!
    Amigo querido!
    Grande abraço!

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